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(adaptado de artigo publicado no South China Morning Post)
Um grupo de cerca de vinte analistas, está a fazer o seu trabalho – a pulverizar um comboio de brincar numa fábrica em Sha Tin. Ao fundo do corredor, os seus colegas do laboratório estão a deixar cair bonecas de grandes alturas e a raspar a tinta de blocos de construção. Tal destruição é rotina nos laboratórios de controlo de brinquedos de Hong Kong, onde mesmo o mais inócuo pato de borracha é olhado com suspeição, esmagado e analisado para corresponder aos padrões de segurança dos mercados além-mar.
Nos laboratórios os brinquedos são literalmente “torturados”, mas a pesquisa efectuada por estes técnicos pode salvar vidas, diz-nos Yammie Yue Sze-Ying, técnica executiva da Divisão de Brinquedos da SGS. "Senti-me triste pela primeira vez que vi um brinquedo a ser queimado, mas só antes de ler artigos sobre lesões ou até mesmo mortes de crianças devido à insegurança dos brinquedos", diz ela.
Um negócio em crescimento
Visto que 80% dos brinquedos comprados em todo o mundo são produzidos no continente chinês, a cidade de Hong Kong está bem posicionada para controlar uma boa parte do comércio dos testes de brinquedos, e neste mês na Feira de Brinquedos e Jogos de Hong Kong, 11 empresas locais ofereciam segurança e avaliação da qualidade nos seus serviços. O negócio dos laboratórios de testes a brinquedos de Hong Kong beneficiou, em meados de 2007, quando milhões de brinquedos feitos no continente asiático retornaram à fábrica devido a uma diversidade de defeitos, detectados mediante os mais rigorosos regulamentos de importação dos brinquedos (design defeituoso, ímãs soltos e excesso de tinta de chumbo, entre outros). Entretanto, o Governo Chinês introduziu um controlo legislativo mais apertado para a exportação em 2007 e, já este ano, os EUA irão exigir testes independentes obrigatórios para uma série de produtos de crianças. Mas o laboratório de testes de Hong Kong pode também salvar empregos no continente, num sector que tem sido devastado pela crise financeira mundial. Muitas empresas de brinquedos compreendem a necessidade dos testes - muitas vezes apenas para permanecer no negócio, dizem analistas do sector. Relatórios oficiais dizem que cerca de 4,800 fábricas de Hong Kong encerraram as portas no ano transacto e 2 milhões de empregos em toda a China foram perdidos. "Mesmo as empresas que podem ter evitado fazer testes no passado, porque constitui um aumento do custo de produção, perceberam que esse processo ajuda a proteger as suas marcas a longo prazo," diz Keith Yung Kai-Man, director geral de produtos de lazer no Centro de Normas e Testes, uma organização sem fins lucrativos que testa brinquedos desde 1963. Yung diz que a sua empresa duplicou a sua mão-de-obra no ano anterior e não tem planos de reduzir o pessoal. "Nós continuamos a expandir-nos e ainda esperamos contratar mais pessoal este ano,” ele diz. "A curva descendente da economia irá afectar as médias e pequenas empresas, mas não as grandes empresas que estão dispostas a investir na qualidade. O negócio de testes a partir de grandes marcas deverá aumentar.” O verão e a época pré-Natal são as épocas mais agitadas nos laboratórios", dizem os analistas. “Muitas vezes os clientes não sabem que os testes são necessários, por isso, é-lhes perguntado qual o país de origem e recomendamos as normas que aí se aplicam", diz Yung.
Ensaios rigorosos
Os produtos que irão ser exportados estão seguros ou armazenados na sala de testes físicos: os produtos são esmagados, estilhaçados e torcidos aos bocados, e as suas peças são medidas em “pequenas partes” num cilindro para determinar se constituem o risco de poder cortar ou sufocar uma criança. Os brinquedos são controlados a nível de superfícies aguçadas quando são pressionados de encontro a uma fita sensível à pressão, tubos metálicos simulam dedos infantis e verificam se um jovem pode ou não utilizar tal produto.
"Tudo o que pode ser tocado por uma criança deve ser testado", diz Yung, que também é pai. Os brinquedos que operam a baterias eléctricas são sibetidos a testes especiais. Um boneco falante é ligado a sensores para determinar o calor do brinquedo quando é usado repetidamente. Ao nível acústico, um medidor de decibéis avalia se o volume de uma caixa de música é adequado para os jovens ouvidos. "Todos os brinquedos são analisados por nós com o mesmo rigor," afirma Yung. "Mas existem alguns que são mais perigosos, como por exemplo aqueles que têm muitas peças pequenas e os que contêm líquidos. Temos de verificar todos os ingredientes no líquido para nos certificarmos de que são seguros."
Os brinquedos também são destruídos e testados para verificar se existem químicos nocivos e metais pesados. "Esta é a parte mais enfadonha do processo, pois temos de remover todos os materiais do brinquedo," salienta Yung.
Entretanto, um analista retira o enchimento de um coelho de peluche, enquanto outro separa o conteúdo de uma bola gachapon (brinquedo em cápsula) para ser reduzido, de forma a ser introduzido em tubos de ensaio para testes de toxicidade, de modo a corresponder às normas internacionais.
Destinos diferentes, requisitos diferentes
Os critérios dos testes dependem dos regulamentos e normas vigentes do país de destino do produto e incluem as variações de estilo de vida e a reprodução da sua cultura. "Por exemplo, no Japão, é muito importante que os brinquedos sejam bastante coloridos e brilhantes e por isso a norma é rigorosa quando se trata de cor desfasada ou que sai do brinquedo", acrescenta Yung. "Na Europa e os EUA, a preocupação não é tão grande com a migração da cor, mas sim com a necessidade de garantir que essa cor não contém elementos tóxicos."
Yue diz que gosta de acompanhar o brinquedo, ao longo da constante mudança de regulamentos de cada sector. "Estou sempre a aprender coisas novas e posso brincar com todos os tipos de brinquedos," atesta ela. "Os brinquedos levam-me de volta a um tempo mais harmonioso e feliz na minha infância. Mas agora eu sei que só os brinquedos seguros trazem alegria." A experiência em laboratório ajuda ao trabalho, releva Yue, com uma graduação em Física. "A Física pode ser complexa e abstracta, mas a mentalidade científica ajuda neste trabalho," certifica ela.
O gestor de negócios da SGS, Leung Sze-Yuen, diz que há uma tendência "para brinquedos de madeira simples e brinquedos amigos do ambiente", mas a ciência do teste é a mesma porque todos os produtos passam pela mesma avaliação por checklists. "Não creio que qualquer brinquedo é mais desafiador para testar," assegura ele. Além de que, acrescenta, as empresas já não estão envolvidas em testes de segurança sozinhas. "Os compradores estão especialmente interessados em todos os aspectos do processo de produção, desde a origem dos materiais, direitos dos trabalhadores e questões ambientais," acrescenta. "Enquanto que (no passado) principalmente as maiores marcas multinacionais que estavam preocupadas, agora até marcas médias perspectivam integrar este serviço." Há analistas locais que dizem que o seu trabalho de investigação e desenvolvimento pode formar a base da expansão regional das suas empresas. "Os novos serviços são primeiramente lançados em Hong Kong e só depois, uma vez já maduros, começamos em outras partes da Ásia," diz Leung, referindo a vantagem de Hong Kong's como centro logístico. "Nós somos capazes de atrair talentos de todo o mundo. Como tal, nós temos aqui pessoal da Alemanha e do Japão, assim como do continente." Porém, os peritos revelam que há escassez de analistas treinados com formação local. À parte de um diploma em Teste de Produtos oferecido pelo Instituto de Educação Vocacional (Institute of Vocational Education) em Tuen Mun, não existem cursos para a formação de pessoas, especificamente para esta indústria. "Assim e embora prefiramos licenciados em ciência ou engenharia, eles ainda têm de receber formação, de cerca de um ano, antes que possam ser trabalhadores autónomos," diz Leung. Os analistas logo aprendem a ser cépticos em relação aos brinquedos mais simples, mas os pais devem também vigiar, de mais próximo, os brinquedos das suas crianças, explicam os especialistas. ”Não são só os fabricantes que são responsáveis pela segurança dos brinquedos, mas também os pais, que devem vigiar o modo como os seus filhos brincam, Leung releva. ”A propósito deste assunto, quando eu e a minha esposa vamos às compras para o bebé, ela sempre se queixa de eu estar sempre a verificar os rótulos das caixas...”
Fonte: South China Morning Post, 21 January 2009 O Grupo SGS é o líder mundial no domínio da Inspecção, Verificação, Análise e Certificação. Fundada em 1878, a marca da SGS está estabelecida como símbolo e referência em qualidade e integridade. Com mais de 56,000 funcionários, a SGS opera uma rede de mais de 1,000 escritórios e laboratórios em todo o mundo.